O Vale do Jequitinhonha tem sua origem no nascimento do Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, e se estende até desaguar no Oceano Atlântico, no extremo sul da Bahia. Ao longo dos séculos, o rio recebeu diversos nomes, como Rio Encantado, Patixa, Yiki-Tinhonhe, Giquiteon e Jequié-Tinhong, até ser consolidado como Jequitinhonha. O nome tem origem indígena, sendo uma junção de “jequi” (armadilha) e “onha” (peixe), significando “armadilha com muitos peixes”. Esse nome evidencia a profunda relação dos povos indígenas com o rio, que era fonte de alimento, vida e deslocamento.
A história da região foi marcada pelas invasões coloniais e a exploração intensa dos recursos naturais, que resultaram na escravização, expulsão e extermínio de povos indígenas ao longo dos séculos. Além disso, milhares de africanos escravizados foram trazidos para trabalhar na mineração e na pecuária. Como forma de resistência, formaram quilombos, muitos dos quais existem e resistem até hoje, juntamente com povos indígenas da região (Pankararu, Pataxó e Aranã).
Ao longo dos séculos de exploração, o Vale do Jequitinhonha sofreu graves processos de degradação ambiental, sendo injustamente rotulado como “Vale da Miséria” – um estigma que ignora sua riqueza cultural, ambiental e social.
Hoje, a região enfrenta uma nova onda de exploração com a corrida do lítio que existe debaixo da terra. Prometendo a ‘’salvação’’ do ‘subdesenvolvimento’’ e das alterações climáticas, a exploração do lítio no Vale ameaça as riquezas culturais e ecológicas que habitam o Vale.
O Vale do Jequitinhonha é muito mais do que um território a ser explorado: é um espaço de cultura viva, biodiversidade e resistência. Seus povos continuam lutando, ecoando suas vozes para proteger os rios e seus modos de vida. O Vale do Jequitinhonha é cheio de territorialidades, e várias comunidades tradicionais são responsáveis por proteger os Biomas existentes na região; Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. O do Jequitinhonha é história, é resistência, cultura, diversidade, sabedoria e ancestralidade.
Comunidades Locais, Indígenas, Quilombolas e Tradicionais e a construção do “Vale do Lítio” em Minas Gerais, Brasil: Empoderando vozes silenciadas na transição energética (LIQUIT) – Esta pesquisa/projeto é apoiado/financiado pelo Programa de Subsídios para Pesquisa Orientada a Desafios da ODA 2024 da Academia Britânica, com apoio do Fundo de Parcerias Científicas Internacionais do Governo do Reino Unido